Como a realidade é mais fantástica que a percepção.

Experiências obtidas com a vida profissional, com as viagens realizadas, com a política do meu pobre e mal governado país e através das circunstâncias e dos projectos em que me envolvo.
Lembram-se aqueles dias de 2012 e 2013 em que os membros do governo quando se deslocavam no país eram constantemente apupados e cantados de «Grândola» e fugiam ou saíam pela porta das traseiras, carregavam as pessoas com guarda-costas e polícias. Lembram-se?
Pois agora parece que já não têm essa festa. Já sentem que ninguém os confronta e que podem continuar a tripudiar e desgovernar o país à sua vontade. Mas não! Parece antes que o povo português sabe mais do que isso.
As pessoas manifestaram-se e continuam a manifestar-se, como ontem no 1º de Maio, ou como no 25 de Abril, mas a estas pessoas não dão já sequer o benefício de os confrontarem.
Os membros do governo sentem-se bem a fazer o que fazem, mas deviam tentar ouvir e ouvir melhor. Não há ninguém a chamar-lhes «gatunos» ou «demissão» mas o silêncio que os envolve agora é bem mais ensurdecedor. Significa que aprendemos, que não damos já benefício a estes mentirosos que aumentam impostos que dizem que não iam aumentar e afirmam quer isto não foi aumento. A resposta que lhes damos é SILÊNCIO.
O destino deles está historicamente decidido. Da mesma forma que tantos outros títeres que abusaram dos portugueses e o SILÊNCIO é o «sinal» que nos permite estar certos.
As vitórias apregoadas da aplicação do programa, a que acresce a próxima decisão estratégica (domingo 4 de Maio) em que se cumprirá a vontade da Alemanha – já que o governo nem a si se representa, só representa o seu «dono». Alguém tem dúvida que o coelho vai tirar da cartola a saída «limpa».
A resposta vai ser SILÊNCIO e mais SILÊNCIO. UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR! Ninguém irá perder tempo a receber os membros do governo aqui e acolá.
A comparação entre as duas bolsas (PSI 20 e Dow Jones) acentua o que um mau governo faz à sua economia quando não encontra soluções e se mantêm em estado catatónico.
Em 6 meses a diferença de crescimento correspondeu a uma queda de 15% para o PSI 20 ao mesmo tempo que o DJ crescia 10%.
Façam as contas.
Um gráfico interactivo do WSJ acerca da dinâmica da dívida de todos os países.
Um interessante gráfico interactivo do The Economist sobre a dívida do mundo. O monstro não pára nunca, e em vez de reduzir a velocidade tem uma permanente aceleração.
Clique na imagem ou aqui.
O Governo persiste em não ouvir o que todos dizem e continua na senda do desastre e da asneira. Ontem falava da necessidade para atyacra o desemprego, de investir. O segredo está sempre em gastar bem o dinheiro e não guardá-no no colchão.
Agora até O Nicolau Santos diz “O Governo em geral e o Ministro das Finanças em particular acreditam na tese de que aplicando uma brutal dose de austeridade à economia, ela ressurgirá forte, dinâmica, inovadora e exportadora no final da aplicação da receita. Como é óbvio, chegaremos ao final desse ajustamento mais pobres, com maiores desigualdades, mão-de-obra muito barata e com os melhores for a do país – e não à terra do leite e mel que Passos e Gaspar nos prometem. É necessário, imperioso e urgente inverter o rumo. A economia portuguesa está a morrer, varrida por um tsunami fundamentalista. E sobre os seus escombros só será possível construir um país que perdeu o comboio do futuro.”
Expresso de 12/5/2012
Eugénio Rosa pôe o dedo na ferida e tira as dúvidas aqueles que continuam a tentar enganar os portugueses.
Só com crescimento é que diminui o desemprego, portanto há que actuar no crescimento económico e no financiamento da economia para alterar a espiral de empobrecimento em que Portugal foi colocado por todos os governos do PS ao CDS.
O economista afirma: «Em Portugal, em termos tendenciais e continuados, no período 1996/2011, a taxa de desemprego só diminuiu quando a taxa de crescimento do PIB foi igual ou superior a 3%, o que só aconteceu no subperíodo 1996/2000, em que se verificou uma redução continuada da taxa de desemprego. Logo que a taxa de crescimento do PIB desceu para 2% em 2001, a taxa de desemprego começou a aumentar tendo-se acentuado a subida da taxa de desemprego com a queda continuada do PIB e, nomeadamente, com o crescimento negativo do PIB, ou seja, com a recessão económica. Interessa recordar que desde que Portugal entrou para a Zona Euro em 2002, praticamente a taxa de desemprego nunca mais parou de crescer com excepção de uma pequena interrupção em 2008.»
O estudo pode ser lido aqui A surpresa do desemprego
As métricas de abril de 2011 a Abril de 2012 mostra que as duas economias da Europa e dos Estados Unidos estão a divergir.
Sources: Bloomberg; Markit Group; Haver Analytics
A quem devemos nós? E admirem-se do medo que a França tem da Itália e a Alemanha da Espanha, que por sua vez está apavorada com Portugal.
Para aquelas pessoas que estão verdadeiramente preocupados com déficits falcões reais, e não déficit de pavões – devem olhar para este site The International Institute for Strategic Studies e olhar para o gráfico abaixo.
Veja os orçamentos de defesa comparativos de vários países, contra o que só pode ser descrito como o único orçamento militar dos EUA, se você é sério sobre o equilíbrio da dívida , qualquer plano deve incluir os gastos reduzir significativamente nesta rubrica orçamental e obrigar os EUA a fazer o mesmo:
Depois da assinatura daquele fantástico acordo, às 3 da manhã de terça-feira, e com as explicações dadas fiquei com uma certeza que me apoquentava há muito. A UGT não existe.
A UGT não existe como organização de trabalhadores, ou seja, não existe como estrutura de «defesa dos interesses» dos seus associados. Mas eles estavam lá sentados! Alguma coisa deviam estar a fazer? Pois é, se não estavam a fazer o que deviam fazer – melhorar e defender os direitos dos trabalhadores – então, estavam a defender os interesses de alguém, nem que seja os pessoais, mas julgo que estiveram a dar cobertura ao governo. A questão é, qual será a paga?
Mas estes interesses não eram claros, e a presença com assinatura (com mandato de quem?), permitiu ao Governo reduzir direitos e regras do Código de Trabalho para todos os trabalhadores, quando aquele grupo de gente não representa quase ninguém. A justificação deles é a mais esfarrapada que existe - “Não houve cedência nenhuma. Haveria muito mais cedências se não houvesse acordo, porque seriam impostas aos trabalhadores muito mais cedências, ou seja, seriam impostas medidas muito mais gravosas aos trabalhadores” (João Proença). Que grandes lutadores!
Estes «defensores» dos trabalhadores já fazem este jogo há demasiado tempo. Na realidade servem para fazer o frete de assinar o que os outros impõem, sem se perceber quais as propostas que defenderam para impedir a redução de direitos que é realizada e imposta a todos com o seu beneplácito.
Mas se a UGT é este «gabinete» de pessoas que a direita tem no bolso para fazer este serviço e como organização não existe, então é melhor desaparecer de vez porque nem sabem e nem conseguem explicar o que fizeram . A meia-hora que conseguiram «ganhar» é uma falácia num mundo em que a maioria dos trabalhadores já faz mais horas do que devia e faz isso sem paga.
O «compromisso» é para o crescimento e a competitividade e as reformas devem «assegurar a formação de uma legislação participada e que permita contribuir não apenas para o desenvolvimento do mercado de trabalho, como igualmente para a estabilidade e coesão social» como diz o papel, mas o «programa» de medidas é todo justificado pelo compromisso dos partidos com a «troika» e são 50 páginas de repetição de programas de governo, medidas vagas e repetidas que já deveriam ter sido corrigidas onde até há lugar para uma medida sobre a «bitola europeia» para resolver o TGV.
Mas se a UGT não se sabe o que é, a CGTP também ficou mal na foto. Que posição é esta de abandonar o combate, de sair da sala e deixar que os outros façam a comida que depois todos temos de comer sem saber o que puseram no tacho. O combate é para fazer enquanto é possível e estar lá é o papel de uma organização que defende os trabalhadores.
O «Compromisso» de 51 páginas tem mais de 35% das páginas com medidas concretas relacionadas com as práticas, direitos e funcionamento das relações laborais. São 20 páginas demasiado concretizadas e 30 de generalidades e compromissos vagos ou já velhos.
No fundo, representam a justificação para alterar as condições de trabalho das pessoas. O que se irá conseguir com isto? Uma economia mais rica? Não. Um Estado menos gastador? Não, mas é muito mais certo que este Estado irá ter menos dinheiro para gastar. Vamos ter mais crescimento e mais produtividade? Não, porque se estamos em crise como é que vamos crescer? E poderia estar a fazer perguntas em que a resposta é negativa, pois o que estão a fazer agora é o mesmo que estão a fazer há quase 3 anos os governos do Centrão. Mexem naquilo que lhes parece que diminui as despesas, mas estão a reduzir de facto a capacidade de criação de riqueza. Em vez de ficarem mais estáveis ficam mais pobres e com menos capacidade.
A dívida em percentagem do PIB já é maior só porque o PIB encolheu.
Para mim, a UGT assinou a sua sentença de morte.
Luís Quintino
De 1979 até 2007, o rendimento ajustado à inflação dos contribuintes incluídos no Top 1 por cento aumentaram significativamente em relação com o resto dos contribuintes assalariados (ou seja, os restantes 99%). Ainda melhor, os incluídos no Top 0,1% viram os seus rendimentos crescer 390%.
Em contrate, os rendimentos para os 90% de baixo cresceu só 5% entre 1979 e 2007. Todo o crescimento de rendimento, contudo, ocorreu no incaracterístico período de crescimento entre 1979 e 2000, que foi seguido de uma queda no rendimento de 2000 a 2007.
Será que esta concentração de riqueza é um fenómeno global ou está só localizado nos países mais desenvolvidos? Eis alguns dados do Credit Suisse Research Institute’s Global Wealth Databook.
Vejam só as posições de Portugal e se virem bem, concluam comigo que os dados são os mesmos nesta concentração de rendimento.
A justeza das políticas tem de ser avaliada pela forma como inclui ou não este 1% naquilo a que eles chamam para os debaixo «sacrifícios» e para os do topo «solidariedade».
Esta é a imagem do dia. Afinal os grandes devem mesmo à grande e querem que Portugal resolva para ver se, enqunato se fala de nós e da Grécia e da Irlanda, não se lembram deles.
Clique para obter o gráfico interactivo.
Fonte: Euro debt visual, Google Public Data Explorer
O Sol e o calor atingiram Portugal para ficar e declarou-se aberta a estação louca. O governo que, até agora, parecia querer manter um ritmo sério na governação apesar da direcção liberal, submetida ao exterior e estrategicamente errada, deixou-se levar pelos eflúvios de loucura.
Então não é que vão nomear um «playboy» para a presidir à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa – fala-se e dá-se como certo o nome do ex-primeiro-ministro demitido Santana Lopes para o cargo. O que é que vão conseguir fazer a seguir que seja ainda surpreendente… Talvez nomear o líder da Troika para um Ministério qualquer… ou propor o «avô cantigas» para porta-voz do governo.
Por que é que estas pessoas que mal ou bem fizeram um trajecto pela política não deixam o lugar a outros e se julgam, talvez misteriosamente, competentes para usar o toque de Midas e fazerem «ouro» em tudo o que tocam. Para o Pedrinho das moças será fácil, porque vai se sentar numa cadeira cheia de papel.
Há alturas que penso que vivemos num país errado ou num tempo errado…
LQ